Chapada Diamantina- Igatu

A pequena vila também é tombada como patrimônio nacional pelo Instituto Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e possui diversas ruínas de casas de pedra construídos pelos garimpeiros e realmente lembra um pouco Machu Picchu, por causa das ruínas de pedra.
Também estivemos duas vezes na cidade, mas lembro que a primeira vez (lá nos idos de 1996) foi mais impactante, porque fizemos a travessia das cidades, Mucugê a Igatu… a pé…lembro da estrada, que a gente andava, andava e a tal de (qualquer uma) carona não apareceu. Depois, pegamos uma trilha que só lembro que era bem bonita, paramos no meio do caminho para nos refrescar, numa cachoeira pequena, mas deliciosa e a chegada a Igatu, aquela cidade de pedras, com a luz do entardecer, as ruelas vazias, ninguém na rua, a entrada pela parte da cidade onde ficam as ruínas, foi uma imagem que jamais esqueceremos.
Na primeira vez tivemos também o privilégio de conhecer a D. Alzira, uma antiga garimpeira, que ainda guardava apetrechos que ela utilizava no garimpo e que abria a casa para mostrar estes instrumentos e contar as histórias do garimpo.
Em 2008, ela já havia falecido, e visitamos a mesma casa, fomos recepcionados por sua filha, que ainda guarda os mesmos artefatos.
Ficamos na Pousada Pedras de Igatu. Esta Pousada tem história prá gente, porque tomamos café lá quando ainda estava em construção, em 1996, e desta vez, ficamos hospedados lá. Além de ser pousada, também é restaurante.
Mas na segunda visita também foi bastante diferente: não sei o que a cidade tem de diferente, mas quando começa a entardecer, a cidade fica sob uma coloração…azul.. não sei explicar.
Na noite da chegada, havia uma festividade local e a praça foi tomada por barraquinhas de comidas e artesanatos e nós tomamos inúmeros copos de caldo de godó (de carne e de banana), deliciosos e a noite terminou com uma apresentação de artistas circenses, com direito a cuspida com fogo e tudo o mais. A Júlia, que não tinha visitado nenhum circo ainda na época (bem, se bem que até agora ela não visitou- por causa do terror infantil aos palhaços-monstros-aterrorizantes) ficou maravilhada.
Na volta da caminhada para a Rampa do Caim, nos deparamos com uma outra festividade local, o Boi do Brejo, uma manifestação popular, não entendi direito o que era, mas a população toda da cidade parecia que estava ali, fantasiados, com instrumentos musicais, dançando e desfilando, chegando até a área central do vilarejo. Nesta empolgação total, vimos os nossos guias sendo arrastados pela emoção e se juntaram ao alegre grupo.
Visitamos aqui:
Rampa do Caim
É uma caminhada de 9 km, e lembro que foi cansativo, por conta do calor e de não haver água no caminho.
Existem pontos de parada de sombra, como um tipo de toca grande e uma outra casinha, local de abrigo para os garimpeiros na época.
O objetivo é alcançar o final da trilha, no encontro dos rios Pati com o Paraguaçu. Existia a opção de descer até encontrar o rio lá embaixo, mas a visão lá de cima e o cansaço e o calor de subir o canyon de volta não nos deixou.
Mas o que mais marcou a caminhada foi o guia local, Chiquinho, figura lendária e carismática na cidade, que fez a trilha parecer muito mais interessante do que realmente é. Ele foi explicando cada espécie vegetal, suas propriedades medicinais, abria, colocava para nós experimentarmos ou cheirarmos, uma aula de botânica excepcional, muito melhor que qualquer aula que tive na Faculdade.
Ele também coletou vários pedaços de cristais de quartzo que as crianças (tudo bem, na época) ficaram maravilhadas e depois cuidadosamente separadas e escolhidas.